O casamento (qidushin) é uma instituição muito importante no judaísmo. O lar judaico é construído sobre esta instituição que se funda no mitzva divino "crescei e multiplicai-vos", Génesis 1:28. Quer o casamento, quer as cerimónias rituais a ele ligados desenvolveram-se muito ao longo dos séculos. No Ocidente, por influência dos casamentos cristãos que celebram o casamento na igreja na presença de um sacerdote, o judaísmo mais ortodoxo começou a celebrá-lo na sinagoga sob a presidência de um rabino.Tradicionalmente esta cerimónia celebrava-se sem qualquer necessidade de um celebrante e podia ter lugar em casa ou mesmo ao ar livre. Era celebrado debaixo de um pálio conhecido por huppah, costume que se mantem ainda nos nosso dias. Este huppah tinha/tem tal força simbólica que, falar em qidushin ou huppah, é falar do mesmo acontecimento: o casamento judaico. Há neste cerimonial uma imensidão de pormenores e de práticas, umas mais seguidas do que outras. Não pode haver huppah sem ketubah ou seja sem que antes seja elaborado um documento sobre o mesmo, especificando a hora, data e lugar em que ele se vai realizar. Na ketubah tem de constar o registo da aceitação do marido das suas obrigações para com a esposa, bem como a quantia que ele lhe deverá pagar caso se venha a divorciar dela. O Judaísmo Reformado aceita uma cerimónia de casamento recíproca e um ketubah igual. Este documento legal é tradicionalmente redigido em aramaico e é muito ilustrado. É assinado apenas pelos esposos.
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MIKEVH (BANHO RITUAL DA MULHER)
Qual a relação da mikveh (banho ritual da noiva) com o casamento?
R. Uns dias antes do casamento a noiva frequenta o mikveh pela primeira vez. Em algumas comunidades judaicas este acto é razão de festa para todas as amigas da mulher que vai ao banho ritual. O mikveh é um tanque ou piscina de água viva, em princípio água das chuvas ou de uma fonte natural. Junto a este tanque existe um outro com água da torneira que está em contacto com a da mikveh. É através deste contacto que a água da torneira se torna em água viva. As mulheres mergulham nesta água purificada uma semana depois do fim da mesntruação, ou seja, antes de voltarem a ter relações sexuais com os maridos. No caso das noivas, a imersão na mikveh faz-se antes do primeiro encontro sexual que deve ser no dia do casamento.
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KIDDUSHIN (CASAMENTO JUDAICO)
Qual a razão pela qual os homens judeus evitam casar com uma mulher cujo primeiro nome é igual ao da sua mãe?
R: O rabino Yehuda He-Chasid (1150-1217), muito conhecido no seio do judaísmo devido à sua obra Sefer Hassidim, defende que se um homem casa com uma mulher com o mesmo nome da sua mãe fica numa situação embaraçosa, pois ao falar/comunicar com a sua esposa pode obter a resposta de sua mãe e vice-versa, o que é perturbador para a relação matrimonial. No judaísmo tradicional, se um filho se dirige aos seus pais usando os seus primeiros nomes, isso é uma falta de respeito e, por isso, se um homem está casado com uma mulher com o nome de sua mãe, ao comunicar com a sua esposa pode ser desrespeitoso para com a mãe pois usa o seu primeiro nome. Afim de preservar estes princípios educativos, no judaísmo Ashkenazi, por exemplo, ao contrário do Sefaradim, na cerimónia da atribuição do nome a uma criança, tem-se sempre o cuidado de não se adoptar nomes de familiares vivos. Se um homem casou com uma mulher que tinha o mesmo nome de sua mãe, quando ela morrer, ele não deve atribuir à sua futura filha o seu nome porque a "confusão" seria ainda maior.
Porque é que um kohayan (sacerdote) não pode casar com uma mulher divorciada ou convertida ao judaísmo?
R: Nestes casos o casamento é proibido para o sacerdote, porque feriria o status dos filhos dessa união. O sacerdote tinha como principal função servir o Templo com oblações puras. Deste modo, ele tem de ser o mais puro possível por ter sido escolhido (tribo de Levy/sacerdotal) para estas funções sagradas. Estes casamentos, para a lei judaica são ritualmente halalim (impuros) e trazem dúvidas sobre a honra do sacerdote.
Porque é que a terça feira é o dia favorito para a realização do casamento?
R: Em alguns círculos ortodoxos, porque a Bíblia repete as palavras ki tov "e D' disse que era bom", (Génesis 1:10-12. Este dito teofânico aconteceu numa terça feira, no terceiro dia da criação (no judaísmo o Domingo é o primeiro dia da semana). Assim, este é o dia mais propício para o casamento judeu.
Porque são raros os casamentos entre o Rosh Hashana (ano novo judaico) e o Yom Kippur (dia da expiação)?
R: Não existe uma explícita proibição de casar neste dias, mas tradicionalmente não são aceites como os mais apropriados para o efeito. O período de dez dias que vai do Rosh Hashana ao Yom Kippur é um tempo de recolhimento e reflexão e por isso o espírito de festa, alegria, extroversão próprio da celebração do casamento, não encontra aqui o seu melhor contexto.
Porque é que os casamentos se ralizam sob a Shuppa?
R: A Shuppa é um pálio próprio, utilizado, no casamento judaico.É muito decorado com vários materiais : seda, veludo, rendas, etc. Durante a cerimónia é erguido sobre quatro esteios. A orígem da shuppa é muito diversa. Alguns acreditam que ela é um vestígio reminiscente das tendas do deserto que o hebreus construíam para se abrigarem do sol, frio e vento aquando o êxodo do Egipto. Outros tomam-na como um símbolo de aconchego, do quarto de casal, onde os noivos consumam o casamento. Quando, a certa altura da cerimónia, os dois permanecem sozinhos sob a shuppa, esse acto que se designa por yihud é considerado o mais significativo de todo o ritual. Durante a Idade Média, quando os casamentos eram celebrados na sinagoga, fixou-se o costume de erigir aí a shuppa que é hoje indispensável em qualquer casamento judeu.
Porque é que a cerimónia do casamento é, por vezes, realizada ao ar livre?
R: Sobretudo os judeus ultra-ortodoxos e hassidim (judeus piedosos), preferem casar-se ao ar livre sob as estrelas. Este costume manteve-se ao longo dos tempos porque as estrelas estão associadas com a teofania abraânica: "Cumular-te-ei de bênçãos e farei a tua prosperidade numerosíssima como as estrelas do céu", Génesis, 22:17.
Porque é que o noivo usa o kittel (robe branco oferecido pela noiva) debaixo da shuppa?
R: Na antiguidade, o Kittel simbolizava a pureza e era usado na sinagoga em alguns dias santos e em casa durante o Seder (ceia da Páscoa). Este costume é ainda muito seguido hoje por muitos judeus. Entre alguns segmentos do movimento Ortodoxo, tornou-se um minhag (costume) o noivo usar o kittel na cerimónia do casamento para lhe lembrar pureza e fidelidade.
Porque é que ketuba é lida debaixo da shuppa?
R: A ketuba é uma criação de Simeon ben Shetach (ano 80 a.C). Trata-se de um documento que atesta e legaliza o matrimónio. É escrito em aramaico porque, nos tempos antigos, era a língua das massas que era utilizada no registo oficial do casamento. Sob a shuppa, o rabi que preside ao casamento, na presença dos noivos e seus convidados, testemunha o preencimento da ketuba na qual são juradas todas as obrigações do marido para com a sua esposa e mesmo as relativas ao gett (divórcio), caso ele venha a acontecer. Os judeus atribuem toda a importância à ketuba.
Porque que os pais dos noivos e convidados não assinam a Ketuba como testemunhas?
R: Porque se alguma coisa falhar no casamento os pais ou os convidados não têm nada no registo daquela relação. Esta norma encontra o seu fundamento no Deuteronómio 24:16 - "Os pais não serão condenados à morte por causa dos seu filhos, nem os filhos por causa dos pais. Cada qual será condenado à morte pelo seu próprio pecado".
Porque são bebidos dois copos de vinho separados, durante o casamento?
R: Os dois copos simbolizam a alegria e a tristeza que o casal encontrará na vida. Ao misturarem o vinho de um copo no outro, os noivos mostram firmeza e confiança na solução futura dos seus problemas, quer em momentos de alegria e/ou tristeza.
A maior simbólica deste dois copos consubstanciou, durante muito tempo e ainda hoje se mantém em alguns círculos do judaísmo, a distinção de duas cerimónias numa mesma cerimónia. Um dos copos simbolizava o erusin, mais tarde chamado kiddushin, (noivado) que era celebrado um antes antes do casamento ou um mês antes se a mulher era viúva, portanto numa primeira cerimónia ligada ao futuro casamento. O outro copo é usado na cerimónia do nisuin (casamento), no dia do casamento propriamente dito. A prática da recitação de algumas orações matrimoniais frente aos dois copos de vinho, separados, é ainda parte integrante da cerimónia.
Porque é lida a ketuba depois de bebido o primeiro copo de vinho?
R: O casamento judaico integra duas cerimónias, simbolizadas em dois copos de vinho (alegria, festa). A ketuba é lida depois dos noivos beberem o primeiro copo de vinho marcando, assim, o fim da primeira cerimónia (o fim do noivado).
Porque se parte um copo de vidro no fim da cerimónia do casamento?
R: São muitas as razões sugeridas para este acto. Apontamos apenas uma: os Kabalistas (místicos) explicam que este gesto afasta os demónios ou espíritos maus que sempre perturbam a felicidade dos humanos e estão atentos para atacar o casal que agora quer ser feliz. Partindo o copo de vidro, estes maus espíritos são esmagados. Alguns judaísmos substituíram a quebra do copo por uma luz de vela que é apagada pelo sopro do novo casal significando a morte dos maus espíritos.
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O GETT (DIVÓRCIO JUDAICO)
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